sexta-feira, 8 de julho de 2011

SELTON

Gosto muito, muito, muito do Selton Mello. Acho um ator maravilhoso, com um espírito de distanciamento raro. É claro que para a comédia esse espírito ajuda e então que ele deita e rola quando tem que fazer graça. Bota pra quebrar quando o conteúdo é de primeira como em "O Auto da Compadecida" e também quando é da pior qualidade, como em "A Mulher Invisível"; mas sabe ser sensível, profundo e amargo quando o personagem pede , como em "Meu Nome Não é Johnny", uma interpretação completa. Mas Selton é um apaixonado pelo cinema e sabe que tem poder de fogo para expressar-se pela imagens. Fez, como diretor, um filme surpreendente em 2008: "Feliz Natal". Não que o filme fosse uma obra inesquecível ou definitiva, mas pela abordagem, pela competência técnica, pela busca em não ser banal, deu um exemplo de arte e domínio de narrativa. O filme não foi bem nas bilheterias porque era, sem dúvida, "down" em excesso, chegando às raias da depressão, mas tinha muitas qualidades e deu a Darlene Glória a oportunidade de uma interpretação antológica. Selton Mello está de volta à sétima arte: "O Palhaço". Assisti ao trailer e fiquei empolgado. Parece deslizar pelo docemente patético. Os olhos de Selton revelam um determinado tipo de doçura, que mesmo no registro do cinismo e da crítica são determinantes. Isso faz dele um ator original, com um estilo muito próprio. "O Palhaço" promete, pode ser um dos bons lançamentos brasileiros de 2011, distante da vulgaridade que anda assolando nossas telas. Alguém disse, não lembro quem, que o cinema brasileiro está virando uma extensão da televisão. Concordo em gênero e número. Então que qualquer respiro é mais do que bem vindo.

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