sábado, 12 de novembro de 2011

Almodóvar...



No dia 7 de outubro entramos, eu e o Grupo Delírio, em um avião com destino a Campo Grande, no Mato Grosso do Sul e já lá se vão 35 dias e ainda não demos as caras por Curitiba. Já andamos por Minas Gerais, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Amapá e agora estamos no Rio Grande do Sul. A longa viagem do nosso “Evangelho Segundo São Mateus”, pelo Palco Giratório do Sesc ainda passará pelo Rio de Janeiro, Tocantins e Mato Grosso. Depois, no início de dezembro, de volta para Curitiba. É verdade, voltaremos outros, mexidos e remexidos, plenos de aventuras de todos os tipos, plácidos e violentos, apaixonados e amantes, artistas e descobridores, um pouco sociólogos, antropólogos, talvez... filósofos. Fato é que algumas âncoras vão dando a sensação da realidade, aquém do sonho, aquela que nos diz: “olha, Curitiba, você, fique atento à sua história...!” Ainda bem que são realidades lúdicas, que tratam das nossas delícias, nossas felicidades clandestinas. Como aqui em Porto Alegre, onde fomos eu, o Gustavo e o Tiago, assistir “A Pele Que Habito”, o novo Almodóvar. Almodóvar que não cansa de pensar a vida e suas múltiplas possibilidades sexuais. Almodóvar que viaja pelo inconsciente, mais do que no sonho, no desejo; naquilo que temos de mais secreto, incapaz de se realizar, senão por um preço alto demais. E esse gênio da vida, que visitou Douglas Sirk, Joseph L. Mankiewicz, Tennesse Williams, Pina Bausch e Hitchcock, resolve agora brincar de Fritz Lang e, mais do que tudo, outro gênio: James Whale! Ah, James! Você que criou Frankenstein e a sua noiva, deve estar orgulhoso de Almodóvar! Com seu espírito humano e revolucionário, deve imaginar que mundo é este onde o homem e o monstro são tão parecidos e por que lutam tanto um com o outro? Talvez a grande sacada de Almodóvar é a que nunca encontra respostas, mas se enche cada vez mais de perguntas. Afinal, quem somos nós? Por que temos tanto medo? E do quê? Nossos pesadelos falam mais de nós mesmos que nossos sonhos e nossas ações. Grande Almodóvar, esteta magnífico, poeta/pensador contemporâneo, que devolveu dignidade a Antonio Banderas e dá à Marisa Paredes mais uma oportunidade de mostrar seu talento e seu histrionismo. “A Pele que Habito” é daqueles filmes que logo após terminar, nos dá vontade de ficar para a próxima sessão. Curtir o Frankenstein de Almodóvar, que não é a coisa inventada com pedaços mortos, mas a coisa criada e recriada com os próprios pedaços, mosaico de carne viva, sedenta de prazer! Almodóvar, como Woody Allen e Tarantino são minhas felicidades clandestinas!

Um comentário:

  1. Gostaria de parabenizar, mais uma vez, pela peça Evangelho Segundo São Mateus, que é muito gostosa de assistir!
    E quanto ao Almodóvar, que autor extraordinário!, não vejo a hora de assistir A Pele que Habito!
    Já me disseram que tem um viés um pouco diferente dos outros filmes dele, mas nem isso minimiza a vontade que eu estou de assitir o filme...

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