terça-feira, 9 de agosto de 2011

Cinema é a maior diversão!


Não tenho muita paciência pra assistir filmes na televisão. simplesmente não consigo me concentrar e acabo levando dois ou três dias para ver um filme. Assisto um pouco, paro, faço alguma coisa, leio, converso, vejo um outro canal, fuço a internet, como, bebo e depois volto ao filme e assim o tempo vai passando e o filme sendo assistido aos pedaços, contrariando todo o sentimento de um diretor preocupado com o ritmo da edição. É assim. Por isso gosto de ir ao cinema e avançar para dentro de um filme no escurinho e lá adormecer nos braços do verdadeiro cinema, o que é feito pra ser visto na tela grande, o que emociona, faz pensar, vira e revira ideias. Mesmo os filmes/pipoca, cheios de efeitos visuais, tiros, gritos e nomes feios. Mas nem sempre é possível e às vezes a televisão é uma saída. Hoje em dia com as 50 polegadas tudo ficou mais palatável e então que o melhor é ir se acostumando. Não é possível frear o trem da história. Daí que aqui em Passo Fundo, entre um Nelson Rodrigues e outro, tenho curtido uns filmes e devo dizer que tenho experimentado uns prazeres muito grandes. Assisti "Hanna", de Joe Wright (Desejo e Reparação), com Saoirse Ronan e Cate Blachet. Uma mistura de triller com ficção científica disfarçada de drama íntimo. Daqueles filmes excelentes, vibrantes, emocionantes que saem do nada para chegar a lugar nenhum. Mas a direção é tão, digamos assim, antiga, que chega a empolgar. Joe resolveu brincar de Alfred Hitchcock e conta a história de sua pequena ninja artificial (Saoirse Ronan) e sua batalha pela sobrevivência. É uma espécie de "Capitão América" infantil, uma experiência que o filme não explica porque não deu certo. Mas a menina tem os poderes, é mais forte que Bruce Lee e sai distribuindo porrada pra todo lado. Cate Blanchet faz a bandida e repete o personagem que viveu no quarto Indiana Jones. Claro, mudou a cor do cabelo, mas as caretas são as mesmas. Cate é fantástica, mas precisa de profundidade. No raso ela é óbvia. Mas "Hanna" é empolgante e divertido. Já esqueci, mas é divertido. Assisti também "Deixa Ela Entrar", a refilmagem americana do filme (excepcional!) sueco. São filmes aparecentemente parecidos, mas diferentes. Matt Reves, o diretor da refilmagem americana é sensível e profundo. Carrega nas tintas, mas conduz a história do amor (quase) infantil entre um menino vulnerável e uma vampira milenar que tem 12 anos eternamente. Reeves não se entrega ao estilo americano de fazer cinema e por isso o filme não fez o sucesso esperado. Gosto dos dois. Gosto da explicitude do americano e da introspecção do sueco. E todos os atores, de um e de outro, são excepcionais! Um belo filme, que... claro, não precisaria ter sido feito, mas já que foi vale a pena ser visto. Revisando o primeiro, amar é apaixonar-se por um vampiro que não quer o nosso sangue, mas a nossa escravidão. Foda! E pra terminar assisti (duas vezes), "O Primeiro Que Disse", a prova de que o cinema italiano vai bem, obrigado! Uma comédia excepcional. Daqueles filmes carinhosos, suaves, que tratam de um tema corriqueiro, mas incômodo, como a homossexualidade dentro da família, de uma forma sincera e sonhadora. Como seria bom o mundo se as pessoas vivessem como um filme desses. Onde tudo é complicado, mas tratado de maneira divertida, acaba fazendo da grossura da vida uma coisa boa de ser vivida. Um daqueles filmes que escolhem o humor e a doçura para falar das coisas espinhosas. Divertidíssimo, com atores excepcionais, permite-se refletir a vida como uma possibilidade deliciosa e que ainda abre as portas da poesia para sequências emocionantes. Não vi nenhum dos outros filmes do diretor Ferzan Opztek, mas o cara tem sensibilidade e acredita na vida. Um filme onde tudo funciona, uma fábula cor de rosa (sem trocadilhos!) onde os olhos brilham, os lábios abrem sorrisos leves e compreensivos e dizem, com o coração escancarado, que a vida é bela e só merece ser vivida se for plena. E que não deixa de ter lá seu tom de melancolia, quando o personagem mais interessante da história (a avó) diz com todas as palavras: "Os amores impossíveis são os únicos que nunca acabam. São os que duram por toda a vida". Cinema é a maior diversão!

Um comentário:

  1. Edson, veja do Ferzan Opztek o " La Fata Ignorante - Um amor quase perfeito", e "Saturno Contro", ambos lidam tbém com o tema da homossexualidade e são muito bons.

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