quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O AMOR NÃO DEIXA SOBREVIVENTES!

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Esta é uma das frases de Nelson Rodrigues que eu mais gosto. Reflete tudo o que eu venho sentindo e experimentando nesses tantos anos de vida, de teatro, de emoções e desafios. E, quem não? Daí que somos todos uns sobreviventes! A vida vai, vem e às vezes sinto me debatendo de um lado para o outro sem ter muita certeza de para onde o vento vai me levar, e de repente, quando dobro uma esquina, a surpresa: uma nova peça de teatro nasce! Eu sei que não é por milagre, mas também sei que no vórtice da vida louca, não parecia possível! Como hoje, que estreia aqui em Passo Fundo, minha nova aventura: CANALHAS!!!, Adaptação de crônicas apaixonadas de Nelson Rodrigues para um espetáculo canalha, com alguns atores canalhas, eu, um diretor canalha e um monte de gente em volta; um mais canalha que o outro. “Canalha”, esta palavra que ao longo do processo de criação do espetáculo, metamorfoseou-se em mil e um sentidos! Do mais ingênuo (?) ao mais trágico! A Cia. da Cidade virou, durante mais de três meses, minha casa, meu refúgio, meu porto de esperança, minha cura, minha paz... minha arte! Vim para cá, espírito no furacão da loucura, com meu cachorricho Speechless debaixo do braço e a certeza de que alguma coisa que refletiria minha visão do teatro e da vida, mais a amizade que me amarra ao Pieterson já há mais de 15 anos, fariam nascer, da paixão e do mistério, um espetáculo especial. E aqui, pensando também nas minhas opções dramatúrgicas, tenho a mais completa certeza de que AMO com a mais profunda intensidade, esse sujeito chamado Nelson Rodrigues! Já li tanto dele e, que me perdoem os radicais, mas entendo, concordo, aceito cada uma das suas opiniões sobre tudo, mesmo e até, quando ele é apenas um brincalhão irônico, pleno de inteligência. Um artista total? Não, Nelson Rodrigues é um homem total! Quero, com toda a força do meu espírito, continuar sendo um instrumento para que a sua literatura continue viva e sendo comunicada para o público, hoje e sempre! Mas volto à Cia da Cidade e à estreia de “Canalhas!!!”. Ontem, ensaio geral, Rodrigo Ziolkovski, Jean, Naiara, Letícia, Assunção, Pieterson, Marcio, Robson, Maicon e Pedro – eu (desavergonhadamente, dirigindo com um copo de cerveja na mão direita), olho, sinto de longe meus atores e seus textos e suas máscaras e me sinto muito, mas muito orgulhoso! Que belo espetáculo! Que trabalho intenso, verdadeiro, sincero até a raiz; vivo, enérgico, orgânico e sem-vergonha! E eu, como tenho a agradecer aos amigos que me receberam de braços abertos aqui em Passo Fundo, porque de coração mais aberto ainda, me deram mais uma chance de ser artista! Um puta artista! E de longe, sei o quanto é impossível manter-se vivo e poeta, sem os anjos da guarda que cuidam à distância, como também o Áldice (eternamente ao meu lado!), o Thiago Inácio, o Chico Nogueira, o Alfredo Gomes, o Marcos Minini e ainda os olhos curiosos e intensos do Guhstavo Henrique, tentando entender onde ele entra nisso tudo! Que dia feliz é esse da estreia, onde me agarro com unhas e dentes à minha maior paixão teatral: Nelson Rodrigues! E faço teatro com meus amigos. Não tenho pudores em afirmar que “Canalhas!!!”é o máximo! Arte, arte e arte, teatro como amo fazer. E pra terminar/comemorar, uma mistura de textos do Nelson, mais a minha contribuição em sentimentos: “Ah! Como deve ser invejado o homem que morre amando. Como deve ser invejado o homem que dedicou a vida ao amor. Como deve ser invejado o homem que foi amado até as duas últimas lágrimas de paixão e vida!” E o teatro? Ah, como deve ser invejado o homem que dedicou a vida ao teatro e por ele derramou até as duas últimas lágrimas de paixão e vida!
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