domingo, 28 de agosto de 2011

Decepções e surpresas!


“Planeta dos Macacos – a Origem” era a minha maior expectativa para a temporada pipoca de 2011! O trailer era sensacional e os efeitos especiais da Weta de Peter Jackson prometiam alguma coisa muito próxima de uma revolução, trocadilhos à parte. Não, não acho que seja por isso, mas saí do cinema bastante frustrado, embora os efeitos mereçam o Oscar. Um roteiro frouxo e medroso e um diretor que capricha nas cenas de ação, mas não sabe dar conta de personagens, encarregam-se de atirar por terra um material riquíssimo e com fortes elementos de (melo) drama. Se por um lado tudo caminha para a construção da personalidade do macaco protagonista (Cesar), fruto de um milagre da ciência e de nenhum tipo de evolução natural ou inatural, o que enfraquece o contexto; quando o assunto é gente, os personagens entram e saem com a fragilidade de figurantes e a dimensão do clichê mais raso, sem que esperemos qualquer coisa deles que não o óbvio ululante, filho legítimo do mais vagabundo dos filminhos da sessão da tarde. A premissa da relação indigna dos homens com os animais e a beleza do olhar inocente de qualquer um deles, se desmancha logo no começo e o que poderia ser envolvimento emocional vira porrada. Em resumo, o filme de mais de 90 minutos é apenas o trailer alongado. Faltou a “Planeta dos Macacos – a Origem” uma, digamos assim, dimensão símia, um conflito shakespereano no sentido dramatúrgico. Algo que sobrava no primeiro filme da série (1968), com seus macacos maravilhosos e seus atores mais ainda (Roddy McDowall e Kim Hunter), embaixo de uma maquiagem que hoje parece tosca, mas que não escondia paradoxos, conflitos e dúvidas. Além do que, Franklin J. Schaffner dava uma aula de como dirigir um filme. É horrível quando se aguarda um filme com tanta ansiedade e ele simplesmente desaparece de nossa memória um segundo depois que saímos da sala do cinema. Fazer o quê? Mas, e ainda bem que sempre existe um “mas”, um outro trailer não decepcionou. Antes de “Planeta...” ainda em Curitiba, assisti ao trailer de “Amor a Toda Prova”, mais um título idiota para um filme americano, que não tem um título tão original assim (“Crazy, Stupid, Love”), mas pelo menos é mais divertido. Assisti ao filme aqui em Passo Fundo, ontem à noite. Com um elenco afinadíssimo (Juliane Moore, Steve Carell, Ryan Gosling e Emma Stone), essa comédia meio dramática, meio boulevard torce e retorce as desavenças do amor, esse clichê que não dá a mínima para questões como idade, condição social ou valores individuais. Quando o assunto é amor, nada fica em pé e tudo é possível. Os diretores Glenn Ficarra & John Requa (que dirigiram o estranhíssimo e horroroso "I Love You Philip Morris") parecem conhecer cada nuance das expressões amorosas e têm um carinho todo especial para os sentimentos reprimidos e para as atitudes sinceras. Seus personagens deixam-se levar pelas emoções e assim vão se encontrando e descobrindo que a vida é exatamente como ela se apresenta diante de nós e todo o resto é mistificação. É preciso aceitá-la, deixar-se levar por ela e nunca desistir. Como disse Clarice Lispector no início de “A Hora da Estrela”: “Tudo no mundo começou com um sim...”. “Crazy, Stupid, Love” é uma surpresa. Um filme de roteiro consistente e grandes coisas a dizer. Apaixonante, emocionante, encantador. Daqueles que não dão vergonha quando uma ou outra lágrima sincera deixa-se rolar. No amor tudo é felicidade, mas não exatamente como imaginamos. Dá pra entender? Nenhum problema, o filme está em cartaz e merece ser visto. Bom programa!

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